
Apesar de ter ganhado fama mundial com os brasileiros, o jiu-jítsu tem raízes no Japão e nasceu de uma ideia genial: usar alavancas, técnica e posicionamento para dominar o oponente sem dar um soco ou chute sequer. Na modalidade, quem manda é a estratégia, e a regra mais direta de todas já diz tudo: finalizou, venceu. O combate acaba na hora, independentemente do placar.
Outra curiosidade é que o jiu-jítsu é uma das poucas artes marciais com uma faixa acima da preta: a faixa vermelha, concedida apenas a mestres com décadas de prática e contribuição ao esporte.
Hoje, embora ainda não seja considerada um esporte olímpico, a luta é praticada por milhões de pessoas no mundo todo e se tornou uma das modalidades mais respeitadas de combate. Quer entender como ela funciona, quais são as faixas, as regras e os atletas que marcaram a modalidade? É só seguir na leitura!
Qual a história do jiu-jítsu?
O jiu-jítsu surgiu no Japão feudal, em um contexto em que os samurais precisavam se defender mesmo quando estavam sem armas. Para isso, eles desenvolveram uma técnica baseada no equilíbrio, no uso inteligente do movimento de alavanca e na força do próprio adversário, tudo com o mínimo de desgaste físico possível.
Mais do que um conjunto de golpes, o jiu-jítsu era (e ainda é) uma filosofia. Uma arte marcial voltada não só para o combate, mas também para o desenvolvimento da disciplina, da estratégia e do autocontrole.
Com o tempo, essas técnicas foram sendo refinadas por diferentes escolas – inclusive algumas brasileiras bem famosas! – até se consolidarem como a luta que você conhece hoje.
Qual a origem do jiu-jítsu no Brasil?
A história da modalidade no Brasil começou no início do século XX, com a chegada do mestre Mitsuyo Maeda, também conhecido como Conde Koma. Foi ele quem apresentou o jiu-jítsu japonês a Carlos Gracie por volta de 1914, um dos primeiros brasileiros a aprender e se dedicar à prática.
Carlos então repassou os ensinamentos ao irmão mais novo, Hélio Gracie, que adaptou os movimentos para torná-los mais eficazes mesmo em situações de desvantagem física. Nascia ali o jiu-jítsu brasileiro, internacionalmente conhecido como Brazilian jiu-jitsu (BJJ): mais técnico, mais estratégico e com foco absoluto no domínio do corpo e do espaço.
Com o passar do tempo, esse novo estilo ganhou ainda mais força com a fundação da Gracie Barra, academia criada por Carlos Gracie Jr., filho de Carlos Gracie, tanto é que a escola teve um papel essencial na profissionalização da modalidade, na padronização dos treinos e na expansão do formato brasileiro pelo mundo.
Agora que você já conhece as raízes de um dos esportes mais técnicos e respeitados do mundo, que tal entender como ele funciona na prática?
Como funciona o jiu-jítsu?
Diferentemente de muitas artes marciais, o jiu-jítsu não tem socos nem chutes. O foco está no controle do adversário usando técnicas de alavanca, imobilização e finalização, quase sempre no chão.
As lutas começam em pé, mas a maior parte da ação acontece no solo. A partir daí, o objetivo do atleta é conquistar posições de vantagem, como a montada ou a pegada de costas, e buscar a finalização do adversário com segurança e precisão.
Mais do que força, o jiu-jítsu exige técnica, estratégia e leitura de jogo e, em muitos casos, vence quem souber usar o movimento do outro a seu favor, com calma e eficiência.
Como funcionam os campeonatos de jiu-jítsu?
As disputas em campeonatos são organizadas por faixa etária, graduação e categoria de peso, o que garante equilíbrio técnico e físico entre os atletas. Além disso, muitas competições oferecem a categoria absoluto, na qual lutadores de todos os pesos se enfrentam, proporcionando aos espectadores algumas das lutas mais emocionantes.
As competições também podem seguir dois formatos:
- Com kimono, na qual as pegadas na vestimenta fazem parte da técnica
- No-gi (sem kimono), com roupas mais justas e pegadas feitas diretamente no corpo
Em ambos os casos, o atleta pode vencer de duas formas: por finalização (quando o adversário desiste após sofrer uma técnica eficiente) ou por pontos (caso a luta chegue ao fim sem finalização).
E são várias as regras para essa modalidade!
Quais são as regras básicas do jiu-jítsu?
O jiu-jítsu competitivo segue regras específicas que organizam o tempo de luta, a pontuação e as técnicas permitidas em cada nível.
Entre as principais, estão:
- A finalização encerra o combate imediatamente: nada de enrolação. Aplicou um estrangulamento ou uma chave de braço e o adversário bateu? Luta encerrada na hora. É como um “checkmate” no tatame — não importa o tempo, nem a pontuação.
- Há pontuação por ações técnicas: mesmo sem finalização, dá pra vencer por pontos. Passou a guarda? Ganhou 3. Pegou as costas com os ganchos? Mais 4. Cada movimento técnico tem seu valor e conta no placar final.
- O tempo de luta é definido por faixa e categoria: faixas brancas lutam por 5 minutos, faixas pretas por 10 (em competições da IBJJF), e ainda tem variações entre juvenil, adulto e master. Ou seja, quanto mais avançado o atleta, mais tempo de combate.
- As regras diferem entre combates com kimono e no-gi: quando há uso do kimono, dá para segurar a manga, a gola e a calça. No no-gi, o jogo muda – é tudo na pegada do corpo, o que deixa o combate mais rápido e escorregadio. Algumas técnicas também mudam de uma modalidade para outra.
- Existem algumas limitações técnicas para faixas iniciais: quem está começando não pode usar certos golpes. Por exemplo: chave de calcanhar e cervical estão fora do cardápio das faixas brancas. Isso ajuda a evitar lesões em quem ainda está pegando o jeito.
Já anota tudo para não cometer infração, hein? Até porque elas levam a descontos na sua pontuação.
Como é a pontuação no jiu-jítsu?
Durante a luta, os atletas somam pontos ao executar posições e movimentos que indicam domínio.
Veja os principais!
- Queda ou raspagem: 2 pontos
- Passagem de guarda: 3 pontos
- Montada ou pegada de costas: 4 pontos
Se não houver finalização, vence quem tiver mais pontos. Em caso de empate, os árbitros analisam quem teve mais iniciativa e controle ao longo do combate.
Ah, e o tempo da luta varia entre 4 e 10 minutos, conforme a faixa e a idade do atleta, o que exige não só condicionamento físico, mas também resistência mental e boas tomadas de decisão.
Agora, que tal entender como funcionam as faixas do jiu-jítsu e o que cada uma representa dentro da modalidade?
Evolução da luta: quais são as faixas do jiu jitsu?
A evolução do jiu-jítsu acontece gradualmente, e um dos reflexos mais claros disso é a progressão das faixas. Cada cor representa um estágio do desenvolvimento do atleta, envolvendo técnica, prática e postura dentro e fora dos tatames.
A jornada começa na faixa branca e segue uma sequência bem definida: algumas voltadas para o público infantil, outras exclusivas para adultos. Mais do que uma mudança de cor no cinto, cada faixa marca uma nova etapa de aprendizado, com exigências específicas em posições, finalizações e comportamento.
Abaixo, você confere uma tabela com as principais faixas do jiu-jítsu, a ordem correta e o que se espera de quem está em cada fase da caminhada:
Faixa | Ordem | Qual o foco? | Tempo médio na faixa |
---|---|---|---|
Branca | Inicial para adultos e crianças | Aprender fundamentos básicos e regras. | Livre |
Cinza* (Apenas para a categoria infantil) | 1ª | Domínio de movimentos básicos e disciplina. | 1 ano |
Amarela* (Apenas para a categoria infantil) | 2ª | Adquirir mais técnica e fazer transições simples. | 1 ano |
Laranja* (Apenas para a categoria infantil) | 3ª | Introdução a estratégias de luta. | 1 ano |
Verde* (Apenas para a categoria infantil) | 4ª | Maior fluidez técnica e postura em combate. | 1 ano |
Azul | 1ª da categoria adulta | Boa base técnica, iniciação em competições. | 2 anos |
Roxa | 2ª da categoria adulta | Aprimoramento técnico, entendimento tático e início de especializações. | 2 a 3 anos |
Marrom | 3ª da categoria adulta | Experiência em competições, domínio técnico e maturidade estratégica. | 1 a 2 anos |
Preta | 4ª da categoria adulta | Alto nível técnico, visão completa do jogo, atuação como exemplo dentro da academia. | Indeterminado, depende da graduação e contribuição ao esporte |
* As faixas infantis podem ter variações com listras brancas ou pretas, conforme a Federação Internacional de Jiu-Jítsu Brasileiro (IBJJF).
Vale lembrar que a estimativa de tempo na tabela acima é apenas uma média. Alguns lutadores progridem mais rápido enquanto outros levam mais tempo – e tá tudo bem!
Chegar até a faixa preta é um processo longo, cheio de aprendizados, treinos puxados e superações, mas também é uma jornada que revela talentos, histórias marcantes e nomes que se tornaram referência dentro e fora dos tatames.
Então, que tal conhecer quem são os atletas que fizeram e ainda fazem história?
Principais atletas do jiu-jítsu
Roger Gracie, Buchecha, Gabi Garcia, Leandro Lo, Rafael Mendes e Romulo Barral são exemplos de nomes que ajudaram a escrever a história do jiu-jítsu com títulos, técnica e domínio nos maiores campeonatos do mundo.
Roger Gracie
Considerado um dos maiores de todos os tempos, Roger Gracie conquistou 10 títulos mundiais na faixa preta pela IBJJF. Em 2009, durante o Mundial da IBJJF em Long Beach, ele fez história ao vencer todas as lutas da sua categoria de peso e também da categoria absoluto, onde enfrentou atletas de diferentes pesos.
O mais impressionante? Todas as vitórias foram por estrangulamento da montada — um feito inédito e até hoje lembrado nos tatames do mundo todo.
Marcus “Buchecha” Almeida
Maior campeão da história da IBJJF, Buchecha soma 13 títulos mundiais na faixa preta, com destaque para seu domínio entre 2012 e 2018. Conhecido pelo jogo explosivo e completo, venceu adversários em diferentes categorias de peso.
Em 2020, migrou para o MMA e assinou com o ONE Championship, organização de esportes de combate com sede em Singapura, levando o jiu-jítsu para um novo público.
Gabi Garcia
Gabi Garcia é uma das maiores representantes do jiu-jítsu feminino. Com quatro títulos mundiais no absoluto pela IBJJF e quatro medalhas de ouro no ADCC (Abu Dhabi Combat Club World Championship), ela marcou com um estilo dominante e físico poderoso.
Seu legado ajudou a abrir espaço para mais mulheres no topo do pódio e nas grandes academias.
Leandro Lo
Leandro Lo foi um dos atletas mais carismáticos e versáteis do jiu-jítsu mundial. Com oito títulos mundiais da IBJJF, foi campeão em cinco categorias diferentes – um feito raríssimo! Dono de um jogo solto e ofensivo, ele encantava o público e era conhecido por desafiar adversários mais pesados.
Sua trajetória foi interrompida precocemente em 2022, mas seu legado segue vivo nos tatames.
Rafael Mendes
Rafael Mendes revolucionou a modalidade nas categorias leves. Com seis títulos mundiais na faixa preta pela IBJJF, ficou conhecido por introduzir variações técnicas como o berimbolo (uma movimentação usada para inverter a posição e atacar as costas do adversário, muito comum no jiu-jítsu moderno).
Junto ao irmão Guilherme, fundou a Atos jiu-jítsu, equipe responsável por formar grandes nomes da nova geração, como Kaynan Duarte e Tainan Dalpra – ambos campeões mundiais que se destacam pelo alto nível técnico e pela consistência nas competições.
Romulo Barral
Romulo Barral é campeão mundial pela IBJJF e campeão do ADCC, conhecido por seu domínio técnico no jogo de guarda e pela intensidade nos treinos. Depois de se aposentar das competições de alto nível, fundou a Gracie Barra Northridge, nos Estados Unidos, onde treina atletas de elite e atua como mentor para a nova geração do formato competitivo.
E aí, inspirado(a) para começar? Então, encontre um bom mestre do JJ perto de você e comece a praticar! O time Atletis já está na torcida para ver você nas competições disponíveis em uma das maiores plataformas de eventos esportivos do Brasil.
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