5 monumentos do ciclismo: história e curiosidades

Veja quais são os 5 monumentos do ciclismo, entenda a importância que eles têm e saiba mais sobre cada um. Explore uma parte do mundo através deste artigo!

Por Redação 09 de Julho de 2025 - Atualizado em 09 de Julho de 2025 13 min. de leitura
Atletas profissionais de ciclismo competindo em uma corrida oficial com uma multidão de espectadores apoiando ao lado de uma igreja histórica ao ar livre.

Os monumentos do ciclismo são as cinco provas de estrada mais prestigiadas do esporte: Milão–San Remo, Tour de Flandres, Paris–Roubaix, Liège–Bastogne–Liège e Il Lombardia. Cada uma delas dura um dia e tem mais de 200 quilômetros de percurso.

Ultrapassando o século inteiro de história, essas provas acontecem em cenários que já viraram lendas do turismo esportivo. Não à toa também, cada uma tem seu próprio apelido, suas tradições e seus rituais exclusivos, explorados no decorrer deste artigo.

Antes de começar a ler sobre curiosidades e conhecer os motivos pelos quais os monumentos são tão especiais, anote um glossário rápido para não perder nenhum detalhe! Bora começar?

Glossário para a leitura: palavras do ciclismo que você precisa conhecer

Talvez você já conheça estes termos, talvez não, então, por via das dúvidas…

  • Pelotão: grupo principal de ciclistas de uma corrida. Também chamado de “bunch”, em inglês
  • Puncheur: ciclista explosivo que se destaca em subidas curtas e íngremes
  • Escalador: ciclista especializado em subidas longas e íngremes
  • Murinho: subida curta, geralmente com inclinação acentuada. Muito comum nas Ardenas do La Ronde e na parte final da Milão–San Remo
  • Velódromo: circuito oval usado para competições de pista. É onde termina Roubaix desde o século XIX
  • Pavé: trechos de paralelepípedo típicos das provas Paris–Roubaix e Tour de Flandres. São irregulares e traiçoeiros, exigem técnica e resistência
  • Sprint: arrancada final em velocidade aumentada, comum em chegadas planas ou em grupos reduzidos
  • Ataque: ação estratégica em que o ciclista acelera subitamente para se destacar do grupo
  • Seleção: momento em que o ritmo forte ou ataques reduzem o pelotão, separando os ciclistas mais fortes
  • Altimetria acumulada: soma de todos os metros de subida do percurso. Quanto maior, mais exigente o trecho

Anotou?

O que são os monumentos do ciclismo?

Os monumentos são as cinco principais corridas clássicas da modalidade, tidas como o ápice das competições de ciclismo de um dia, com prestígio comparado apenas às Grandes Voltas, que são as maiores competições do esporte, com cerca de três semanas de duração:

  1. Milão–San Remo ou “La Primavera (Itália)
  2. Tour de Flandres ou “De Ronde van Vlaanderen” (Bélgica)
  3. Paris–Roubaix ou “L’Enfer du Nord” (França)
  4. Liège–Bastogne–Liège ou “La Doyenne” (Bélgica)
  5. Il Lombardia ou “La Classica delle Foglie Morte” (Itália)

Ainda que os percursos não sejam uma categoria oficial, reconhecida pela União Ciclística Internacional (UCI), autoridade máxima do esporte, todos fazem parte do calendário de corridas da própria instituição e do World Tour, o maior evento de ciclismo de estrada da atualidade.

Por que essas provas são chamadas de monumentos?

Algumas características “pesam” para os fãs de ciclismo afirmar, em consenso, que alguns percursos são realmente monumentais:

  • São provas centenárias, todas criadas antes da Primeira Guerra Mundial
  • Têm paisagens extraordinárias
  • Representam o auge do ciclismo em seus países
  • Não têm concorrentes nacionais de mesmo peso
  • Têm percursos longos e exigentes (geralmente com mais de 250 km)

O que torna esses monumentos especiais é a mistura de exigência física, distância e história; o combo de tradição, dificuldade, variedade de terrenos e a proposta de respirar a história do esporte.

Cada trecho exige um perfil diferente, mas todas cobram condicionamento, inteligência e muito coração. Adiante, conheça mais sobre eles.

Milão–San Remo (La Primavera) | Itália

Grupo de ciclistas pedalando em uma estrada cercada por natureza, com árvores e rochas ao redor, durante um passeio ao ar livre, promovendo o ciclismo.

Subida durante o circuito de La Primavera | Imagem: Reprodução

Com quase 300 km de pura tensão, saindo de Milão, no Norte da Itália, cruzando a Riviera italiana até chegar à beira-mar, em San Remo no litoral noroeste, esse é o monumento mais longo do ciclismo na atualidade.

A prova marca a abertura do calendário da UCI World Tour, acontecendo sempre em março – e (pasme!) foi criada em 1907 por um jornalista: Milão–San Remo começou como um evento para promover o jornal La Gazzetta dello Sport, mas virou tradição quase imediatamente.

Por muito tempo, era uma clássica “plana”, dominada por sprinters, mas isso mudou em 1960, quando o Poggio, uma colina curta com rampas, entrou no percurso.

Em 1982, veio outra mudança: uma subida grande, em Cipressa, entrou no roteiro, forçando ataques e seleção mais cedo. Atualmente, esses dois “murinhos” são decisivos!

Mais sobre o monumento:

  • O recorde de vitórias é do belga Eddy Merckx (7),
  • Abaixo de Merckx, estão o italiano Costante Girardengo (6) e o alemão Erik Zabel (4)
  • A edição mais rápida aconteceu em 2024, com média de 46,11 km/h
  • Em 1910, sob uma nevasca intensa, apenas 4 ciclistas completaram a prova
  • Nesse mesmo ano, o vencedor foi o francês Eugène Christophe, que levou 12h24min para terminar o percurso

O que esperar de Milão–San Remo, um dos  mais desejados e difíceis do ciclismo profissional? Paisagens deslumbrantes, imprevisibilidade tática e mais de 100 anos de tradição.

Tour de Flandres (De Ronde) | Bélgica

Corrida de ciclismo com ciclistas profissionais competindo em rua com público assistindo ao fundo, durante evento esportivo de destaque.

Espectadores do De Ronde na janela e no telhado das casas belgas | Imagem: Reprodução

Criada em 1913 também por um jornalista (Léon Van den Haute, do jornal Sportwereld), o Tour de Flanders foi idealizado como símbolo do orgulho flamengo (da região de Flandres, não o time carioca, claro!). Até hoje, via de regra, acontece sempre no primeiro domingo de abril.

A primeira edição teve o belga Paul Deman como vencedor, em um percurso de 324 km com largada e chegada em Ghent, região histórica e cultural importantíssima no Noroeste belga.

Até hoje, o percurso atravessa vilarejos, trechos de chão batido e os icônicos muros de pavé – sua marca registrada, com cerca de 270 km de estrada.

Os trechos mais decisivos do Tour de Flanders são o Oude Kwaremont (2,2 km com rampas constantes) e o Paterberg (apenas 400 m, mas com inclinações acima de 20%), colocados estrategicamente nos quilômetros finais e responsáveis pelos principais ataques.

Mais sobre o monumento:

Em 2025, o esloveno Tadej Pogačar venceu a competição masculina com ataque solo a 19 km do fim, conquistando sua segunda vitória no Monumento e oitava no total. Na prova feminina, a belga Lotte Kopecky, fez história com sua terceira vitória consecutiva, superando grandes atletas no sprint final.

Sete ciclistas já venceram a Ronde três vezes, incluindo as estrelas belgas Museeuw, Boonen e, agora, Pogačar. Aliás, para alguns atletas que habitam a Bélgica, vencer em Flandres é mais importante que vestir a camisa amarela que usam os ciclistas líderes do famoso “Tour de France”.

Paris–Roubaix (L’Enfer du Nord) | França

Ciclismo na Velódromo Ville de Roubaix, na França, durante a famosa corrida de ciclismo Paris-Roubaix, com público assistindo do alto das arquibancadas.

Ciclista e espectadores no velódromo de Roubaix | Imagem: Reprodução

Conhecida como “o Inferno do Norte”, a Paris–Roubaix é sinônimo de caos, poeira, lama, quedas e resistência extrema. Disputada tradicionalmente no segundo domingo de abril, é o monumento que separa os duros dos duríssimos.

Esse circuito foi criado em 1896 pelos industriais Théodore Vienne e Maurice Perez, pensado como propaganda para o recém-inaugurado velódromo de Roubaix. Não demorou para ele ganhar fama, graças aos longos trechos de paralelepípedos irregulares (secteurs pavés).

O tamanho do percurso varia ano a ano, mas a rota total costuma ter entre 250 e 260 km, sendo mais de 50 deles nos pavés.

O trecho mais lendário de Paris–Roubaix é Arenberg, um corredor de 2,3 km dentro de uma antiga mina de carvão. A chegada acontece dentro do velódromo de Roubaix: icônico!

Depois de castigados por pedras mal niveladas que machucam mãos, pneus e coluna, os atletas cruzam a linha final do monumento cobertos de barro, consegue imaginar a cena? Ou melhor, dá uma olhada no resultado:

Participantes de uma competição de ciclismo estilo maratona, cobertos de lama, demonstrando esforço e determinação, com público assistindo e fotografando ao redor.

Ciclista Sonny Colbrelli durante a emocionante disputa de 2021 | Imagem: Reprodução

A versão feminina (Paris–Roubaix Femmes) estreou só em 2021, depois de anos de pressão da comunidade por igualdade. Em 2025, Marianne Vos, holandesa, venceu num sprint de tirar o fôlego, junto com a inglesa Pfeiffer Georgi e a italiana Elisa Longo Borghini.

No pelotão masculino, Mathieu van der Poel venceu pela terceira vez, consolidando seu domínio na era moderna da prova.

Mais sobre o monumento:

  • O maior vencedor é o belga Roger De Vlaeminck, com 4 triunfos
  • Em 2022, Elisa Longo Borghini venceu sozinha após um ataque na metade final da prova feminina
  • A edição de 2021 foi marcada por um pedal na chuva intensa, algo raro nas últimas décadas

Por causa do terreno, na hora de encarar os pavés, várias equipes usam suspensão especial, pneus mais largos e até fita dupla no guidão (camada extra de borracha ou espuma para reduzir o impacto nas mãos)

A prova é um verdadeiro laboratório técnico!

Liège–Bastogne–Liège (La Doyenne) | Bélgica

Grande torcida de ciclismo na rua estreita com muitos ciclistas em disputa e público vibrando, na colina de uma cidade antiga com moradores e turistas assistindo.

Subida durante a prova Liège–Bastogne–Liège de 2025 | Foto: Billy Ceusters

O mais antigo dentre todos os monumentos, apelidado de “La Doyenne” (a Decana), este percurso é um hino à região das Ardenas, na Bélgica, com suas subidas curtas, íngremes e em sequência que drenam até a última gota de energia dos ciclistas.

O percurso atual tem cerca de 260 km e concentra boa parte da tensão nos 50 km finais.

Criada em 1892, a prova é disputada no fim de abril e fecha a temporada das Clássicas das Ardenas. A versão feminina estreou em 2017, com pouco mais de 140 km, mas com as mesmas subidas principais.

Em 2025, a holandesa Demi Vollering triunfou pela segunda vez na prova feminina, num sprint reduzido, após só um grupo seleto sobreviver à Roche-aux-Faucons (Rocha dos Falcões), subida mais decisiva e ponto de ataque favorito da prova.

No bunch masculino, Tadej Pogačar fez um ataque seco na Redoute – uma subida com trechos super inclinados – e venceu com folga, cruzando a linha em seis horas.

Mais sobre o monumento:

  • Bernard Hinault, da França, venceu a disputa de 1980 sob uma nevasca histórica. Apenas 21 ciclistas cruzaram a linha de chegada nesse ano
  • Em 2022, a holandesa Annemiek van Vleuten, venceu com um ataque solo a mais de 30 km do fim, desafiando a lógica (e o pelotão!)

Por sua exigência física e seu histórico centenário, a Doyenne consagra os estrategistas completos.

Il Lombardia (La Classica delle Foglie Morte) | Itália

Maratona de ciclismo em Torino, com centenas de ciclistas participando na cidade histórica, cercada por edifícios antigos e com uma praça emblemática ao fundo.

Público e ciclistas em trecho urbano do monumento | Imagem: Reprodução

A única das cinco provas clássicas disputada durante o outono europeu, Il Lombardia acontece tradicionalmente em outubro e encerra a temporada do World Tour.

Pelo período do ano em que acontece, esse monumento também é chamado de “Classica delle Foglie Morte”: a Clássica das Folhas Mortas, na tradução para o português.

Criada em 1905 pelo La Gazzetta dello Sport, mesmo periódico que criou La Primavera (Milão–San Remo), a prova faz parte da origem histórica dos monumentos ciclísticos, entre o fim do século XIX e o início do XX pelas mãos de jornais europeus que usavam o esporte como vitrine dos países.

Il Lombardia nasceu sob o nome de Milano–Milano, com um percurso bem diferente do atual. Com o tempo, foi migrando para a região dos lagos alpinos da Lombardia, passando por cidades italianas, como Como, Lecco e Bérgamo.

Hoje, é uma das corridas mais duras do calendário ciclístico,com cerca de 240 km e mais de 4.000 metros de altimetria acumulada, distribuídos em subidas longas e técnicas.

Entre os trechos mais emblemáticos do monumento, estão:

  • Madonna del Ghisallo: com rampas acima de 14% de inclinação (bem duras!) e um santuário dedicado aos ciclistas no topo
  • Muro di Sormano: 1,7 km com inclinações que ultrapassam 25%. Um verdadeiro “muro vertical”
  • San Fermo della Battaglia: subida final, estreita e técnica, geralmente decisiva para ataques nos últimos 10 km

O maior vencedor de Il Lombardia é o italiano Fausto Coppi, com cinco títulos obtidos entre 1946 e 1954.

Em 2025, Tadej Pogačar ganhou a corrida masculina pela quarta vez consecutiva, um feito inédito na história do monumento. No pelotão feminino, a prova ainda não tem versão oficial, mas há muita mobilização para que isso mude nos próximos anos.

Grupo de ciclistas participando de uma corrida de mountain bike em uma estrada rodeada por árvores verdes, aproveitando a natureza durante o evento esportivo.

Foto deixa evidente a inclinação nas subidas de Il Lombardia | Imagem: Reprodução

E sabe qual o slogan da prova? “Onde a glória se transforma em lenda”! Legal, não?

Bateu a vontade de encarar um desafio assim?

No fim das contas, todo atleta, profissional ou não, busca viver algo que valha a pena lembrar, mas você não precisa ir até a Europa para fazer isso, se não puder: basta buscar alcançar uma pequena nova meta todos os dias enquanto pedala, fazendo cicloturismo ou na cidade, mesmo!

E a missão estará cumprida!

Continue acompanhando o blog da Atletis para explorar mais curiosidades e se informar sobre o universo do ciclismo. Até a próxima.

Todas as imagens aqui reproduzidas foram extraídas dos perfis ou sites oficiais de cada uma das competições

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