A natação para deficientes, também conhecida como natação adaptada, é uma ótima alternativa para momentos de terapia, recreação ou até mesmo competições. Ela funciona de forma muito semelhante à natação convencional, exceto por adaptações nos preparativos para entrar na piscina, nas saídas, chegadas e viradas dos praticantes, principalmente em torneios e eventos esportivos. Além disso, existem orientações e normativas específicas para quem enfrenta complicações visuais e pratica a natação adaptada.
Os benefícios desse esporte são percebidos tanto na saúde física quanto na saúde mental do atleta, seja ele profissional ou amador. Entre os benefícios, destacam-se:
- aumento da autoestima e da autoconfiança;
- desenvolvimento de percepção corporal e sensibilidade;
- melhora da coordenação motora, resistência e flexibilidade; e
- conquista de independência e reconhecimento de limites.
Quando realizada de forma competitiva, como em Olimpíadas, a natação para deficientes também recebe o nome de “paralímpica” ou “paraolímpica” e têm regras bastante claras determinadas pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). É importante dizer que essas normativas costumam ser adotadas também por clubes e institutos que aplicam aulas de natação para deficientes com propósitos terapêuticos e recreativos.
Veja a seguir as principais diretrizes da prática do esporte adaptado e descubra todas as suas vantagens.
Como é a natação adaptada?
A natação adaptada é um esporte super completo e se assemelha muito à natação convencional, embora seja praticada por atletas, amadores e profissionais que possuem algum tipo de deficiência física, visual ou intelectual.
Além de poderem se movimentar na água sem precisarem de cadeira de rodas, muletas e bengalas ou próteses e, assim, usufruírem de uma sensação de liberdade muito agradável e positiva para a saúde física e mental, os atletas de natação adaptada também encontram nesse esporte as seguintes vantagens:
- relaxamento da coluna vertebral, muscular e redução de espasmos;
- reeducação motora quando necessário;
- melhora no equilíbrio;
- alívio de dores nos músculos e/ou nas articulações;
- melhora da postura corporal e da coordenação motora;
- melhora da resistência cardíaca e respiratória através do fortalecimento dos músculos internos do corpo;
- exploração e adaptação de limitações;
- controle da ansiedade;
- desenvolvimento de autoconfiança e, em muitos casos, principalmente quando os atletas são deficientes intelectuais, desenvolvimento também da socialização e da organização espaço-temporal;
- melhora da motivação e do humor;
- autoconhecimento.
Muitas pessoas chamam a natação adaptada ou a natação para deficientes de natação paraolímpica ou paralímpica e essa denominação não está errada.
Isso porque ela ganhou fama com os Jogos Olímpicos de Roma que aconteceram na década de 60 e vem sendo utilizada desde então, principalmente quando o assunto são competições esportivas realizadas na água e com atletas com algum tipo de limitação ou deficiência.
O que é natação paraolímpica?
É o mesmo que natação adaptada, mas você provavelmente ouve falar sobre ela durante eventos que ganham destaque na imprensa mundial, como as Olimpíadas, e, por isso, relaciona esse nome à prática do esporte diretamente voltada para competições e não para fins terapêuticos e recreativos.
Quais as regras da natação paraolímpica?
Quando a natação paraolímpica é praticada como competição, quem define as regras é o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) ou até mesmo instituições mundiais responsáveis por administrar e gerir essas competições, mas, de forma geral, as regras costumam ser estas:
- Podem participar pessoas com deficiência físico-motora, deficiência visual ou deficiência intelectual, distribuídas exatamente dessa forma e de acordo com o grau de comprometimento causado pelas suas complicações.
- As piscinas paralímpicas são iguaizinhas às piscinas olímpicas e têm 8 raias para competição, 50 m de comprimento e 25 m de largura.
- As adaptações das competições acontecem na largada, na chegada e também nas viradas feitas pelos atletas quando chegam ao outro lado da piscina. Nadadores com deficiência visual, por exemplo, recebem uma espécie de “toque” de bastão quando estão chegando perto das bordas e atletas com comprometimento motor podem iniciar a competição já dentro da piscina quando necessário.
- Os atletas também podem solicitar a presença de alguém fora da água capaz de auxiliar no início e no término de todas as provas.
- As competições também são divididas por sexo, contendo categorias masculinas e femininas.
- Atletas de competições paralímpicas podem competir em provas individuais ou de revezamento, que vão dos 50 m aos 400 m, e nas modalidades “S” (livre ou crawl, costas e borboleta); “SB” (peito) ou “SM” (Medley).
Competir no nado livre dá a oportunidade ao atleta de escolher se deseja nadar 50, 100, 200 ou 400 m. Já as categorias peito, costas e borboleta só oferecem possibilidade de competições 50 ou 100 m. Para o nado Medley, existem duas alternativas: 150 ou 200 m.
Outra curiosidade interessante é que há um número sempre acrescido à denominação da modalidade na qual um atleta compete. Esse número pode variar do 1 ao 10 e é sempre seguido pela letra S de “swimmer” (“nadador” em inglês) e indica o nível de comprometimento de toda a bateria de esportistas que competirão ao mesmo tempo.
Números mais baixos representam menor comprometimento e números mais altos, consequentemente, maior comprometimento.
Uma observação: equipes de revezamento da natação paralímpica, sempre compostas por 4 pessoas, precisam que os níveis de comprometimento de seus atletas, somados, totalizem 34 pontos. Só assim poderão competir em grupo segundo as regras oficiais.
Diferenças entre as regras da natação paraolímpica e da natação convencional
As regras da natação paralímpica são exatamente iguais às da natação convencional, salvo exceções específicas para que as necessidades dos atletas sejam atendidas de forma integral e também no caso da natação para deficientes visuais.
Portanto, é:
- permitido o uso dos mesmos tipos de roupas e trajes;
- proibida qualquer modificação nas vestes;
- proibido o uso de qualquer mecanismo que dê qualquer tipo de vantagem ao competidor, incluindo próteses não autorizadas pelos órgãos regulamentadores.
O controle de tempo e o rigor de monitoramento dos competidores durante a prova também são os mesmos da prática convencional.
Conheça as especificações da natação adaptada
Estar por dentro das regras pode ser interessante até mesmo para quem não tem o objetivo de praticar o esporte a nível profissional, isso porque quanto mais uma pessoa sabe sobre o esporte que escolheu praticar, mesmo como hobbie, maior a sua segurança para torná-lo parte de seu cotidiano e maior o seu interesse por ele.
Um treino de natação montado especificamente para o praticante também pode ajudar nessa garantia de segurança.
O que buscar em uma aula de natação adaptada para fins terapêuticos ou recreativos?
Pensando na inclusão, na acessibilidade e em todos os benefícios da prática de natação para deficientes, quem optar por conhecer e experimentar esse esporte deve buscar, de preferência, uma escola ou academia capaz de oferecer:
- avaliação física adequada;
- planejamento de aula individual e personalizado, com metas realistas;
- instrutores devidamente capacitados para a aplicação do planejamento de aula, a transmissão de instruções e o acompanhamento do praticante;
- vestiários e piscinas completamente acessíveis;
- monitoramento constante da equipe salva-vidas;
- piscinas em que a temperatura da água seja adequada para proporcionar os benefícios da prática principalmente aos músculos;
- dispositivos de flutuação e outros acessórios e equipamentos que contribuam com a evolução da prática.
Confira, no próximo e último tópico deste conteúdo, algumas dicas de exercícios executados durante aulas de natação adaptada e aplicados única e exclusivamente por professores que entendem do assunto e ajudam os alunos, inclusive, a perder o medo de nadar.
Dicas de exercícios de natação para deficientes físicos
Para começar, alunos e instrutores de natação para deficientes físicos, intelectuais e visuais devem realizar a chamada “adaptação ao meio líquido”, ou seja, a familiarização do praticante do esporte com a piscina, com seu acesso e também com os principais movimentos a serem executados no futuro.
Depois, começam os exercícios frequentes, geralmente nesta ordem:
- treinamento de entrada e saída da piscina;
- deslocamentos em diferentes profundidades, na posição vertical;
- pequenos mergulhos (imersões) e controle de respiração;
- exercícios de equilíbrio;
- práticas de flutuação;
- saltos, se forem parte do plano de aulas;
- e, finalmente, o nado e seu aperfeiçoamento com o decorrer do tempo.
Vale ressaltar que todos os exercícios precisam ser adaptados às necessidades, possibilidades e limitações do praticante e que o treino pode acontecer em piscinas pequenas, médias ou grandes.
Se estiver buscando inspiração para começar, saiba que você pode encontrá-la aqui mesmo no Brasil: nossos nadadores profissionais já conquistaram mais de 100 medalhas em Jogos Paralímpicos. Só de ouro, foram 32! Essa é a segunda modalidade, depois do atletismo, que mais rendeu prêmios ao país na competição.
Lembre-se que bons exemplos podem se tornar grandes incentivos e boa sorte.
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